Travessias iguaçuanas de letramento escolar: narrativas sobre os programas federais de formação continuada de professores alfabetizadores (1990-2020)

Abstract

Travessia significa passagem, atravessamento, caminho percorrido. No contexto dessa escrita, a travessia se realiza por meio das trajetórias de vida de sete professoras cujas vivências atravessaram a história do letramento escolar na cidade de Nova Iguaçu, contribuindo para que os programas federais de formação continuada de professores alfabetizadores se concretizassem. A cartografia dessas trajetórias buscou elaborar uma imagem colaborativa de como se deu a implementação desses programas na rede municipal. Nesse sentido, a presente pesquisa procurou investigar a travessia do letramento escolar, em especial a prática de letramento denominada alfabetização, em o município de Nova Iguaçu, por meio de narrativas sobre os programas federais de formação continuada de professores alfabetizadores de forma a contribuir com o registro dos processos históricos da alfabetização em o estado do Rio de Janeiro, especialmente da Baixada Fluminense; explicitar as concepções de alfabetização e letramento que permeiam cada um dos programas de formação investigados; analisar e expor uma temporalidade específica da trajetória da alfabetização de classes populares. As narrativas foram construídas sob o paradigma da história oral e analisadas a partir da Análise Dialógica do Discurso. Além disso, nos utilizamos da Espiral do Tempo, que consiste em um dispositivo de análise gráfica que representa principalmente a simultaneidade das trajetórias de vida investigadas. Ao final desse trabalho, concluímos que essas políticas de formação continuada parecem configurar-se em uma espécie de estrutura para a reprodução de técnicas, metodologias e práticas ancoradas em referenciais teóricos que refletem acepções do que se espera do sujeito alfabetizado em uma determinada temporalidade. Esses conjuntos teóricos-metodológicos geralmente são apresentados de tempos em tempos em forma de programas como um caminho para a questão da alfabetização no Brasil. As narrativas de trajetória de vida nos permitiram visualizar e analisar as materialidades, resistências e influências dessas formações nas concepções e práticas alfabetizadoras nesse município, expondo parte significativa do letramento escolar e da alfabetização de classes populares.