A Educação Ambiental na formação de professores: um olhar sobre os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas das Universidades federais do sudeste brasileiro

Abstract

O objetivo desta pesquisa é refletir sobre como a Educação Ambiental (EA) ocorre nos currículos de sete cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas das Universidades Federais do Sudeste brasileiro. O viés metodológico utilizado consistiu em uma análise documental que engloba os ementários e os Projetos Políticos de Curso (PPC) de sete Universidades Federais da supracitada região brasileira. Esses documentos foram investigados com base na Análise Textual Discursiva. Verificou-se, nestes documentos curriculares, duas categorias principais: (1) Princípios da Educação Ambiental presentes nos PPC e (2) Perfil almejado do professor de ciências/biologia para a Educação Ambiental. A pesquisa contou, ainda, com a realização de uma revisão sistemática. Essa revisão pretendeu entender como estão acontecendo as pesquisas em Educação Ambiental Crítica na formação de professores no Brasil, no período de 2012 a 2022. Espera-se com essa revisão sistemática, localizar possíveis afinidades ou distanciamentos entre as pesquisas realizadas atualmente e as concepções dos PPC utilizados na parte documental da pesquisa. Reconhecendo as dificuldades de trabalhar a Educação Ambiental Crítica na Educação Básica, propomos, ainda, a confecção de um produto educacional que será um site para o professor com propostas de atividades vinculadas à Educação Ambiental Crítica, que englobem as três unidades temáticas da BNCC: Vida e Evolução, Matéria e energia e Terra e Universo. Diante da crescente necessidade de discutir as questões socioambientais, surgiu o questionamento que instiga essa pesquisa de mestrado: como a Educação Ambiental ocorre nos currículos de formação de professores de Ciências e Biologia, a partir da análise de documentos estruturantes de Universidades Federais do Sudeste Brasileiro? As concepções de Educação Ambiental e perfil profissional docente desses documentos curriculares estão alinhados à revisão sistemática da literatura? Os PPC estão acompanhando as diretrizes acadêmicas mais aceitas na atualidade? Com base na análise dos PPC foi possível constatar diferenças de abordagens na Educação Ambiental. Observou-se a valorização da criticidade, embora ainda exista uma ótica pragmática permeando os discursos, em muitos casos. Constatou-se também que há documentos que especificam como desejam trabalhar a EA, por vezes tratando o meio ambiente na perspectiva socioambiental, englobando a Educação Ambiental Crítica, transformadora e emancipatória. Em outros casos, há ementas que dão menos detalhes sobre como a Educação Ambiental será tratada, e o que se observa é a associação da Educação Ambiental a disciplinas ecológicas e pedagógicas, citando aparatos legais como fundamentação. Nestes casos, a generalização da abordagem pretendida por esses cursos pode conferir ambiguidade sobre as convicções do PPC, gerando possíveis comprometimentos à criticidade na formação dos professores. O desafio à nossa frente se configura, portanto, na luta para a constante reformulação dos currículos, inserindo-os cada vez mais na perspectiva crítica da Educação Ambiental.