Escolas do campo, memórias, paisagem geográfica em Nova Iguaçu e reserva biológica de Tinguá.

Abstract

A preservação da Memória cultural no Brasil é um tema bastante complexo, pois demanda uma série de fatores, interesses, agentes (públicos e privados) entre outros. Neste sentido, a rememoração configura-se num aspecto relevante, pois traz à tona os saberes culturais dos oprimidos, historicamente, silenciados pela a cultura hegemônica dos opressores. Tais aspectos que denotam estas disputas mnemônicas são perceptíveis em diversos espaços: políticos, econômicos, socioculturais e geográficos. Frente a este processo, as escolas do campo configuram-se em espaços de resistência, na medida em que, para sobreviverem, tornase sine qua non a busca incansável pela rememoração, preservação e continuidade cultual dos seus sujeitos, a partir dos aspectos metodológicos da Educação do Campo. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo compreender, através do estudo de parte da memória da Escola Municipal Vale do Tinguá, unidade de ensino da rede do município de Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro, a importância da Educação do Campo para os sujeitos da comunidade da região de Tinguá. Pelo fato de estar localizada nas proximidades da Reserva Biológica de mesmo nome, região documentalmente essencial para processo de formação histórica do Brasil, foi abordado, também, como base teórica, o conceito de Paisagem Geográfica o qual apresenta a importância da interação entre os aspectos fisionômicos e naturais com os aspectos historicossociais. O estudo foi realizado através do levantamento documental, iconográfico, bibliográfico e de história oral sobre a referida escola, a cidade de Nova Iguaçu e o contexto da Educação do Campo no Brasil. Além disso, contribuíram na elaboração do estudo, entrevistas de sujeitos que participaram ativamente da construção histórica tanto da escola quanto do município. Por fim, os conceitos de Memória e Paisagem Geográfica contribuíram no sentido de propor uma reflexão sobre a importância do resgate, da valorização e da manutenção dos saberes dos atores do meio rural a partir da perspectiva holística da Educação do Campo, pois por se configurar num campo epistemológico enriquecido de saberes populares, tais conhecimentos propiciam um maior sentido aos seus sujeitos, por cingir a realidade do meio em que vivem, contrariando e resistindo o sistema urbanoeducacional do grande capital que busca soterrar a cultura tradicional campesina através da padronização curricular.