Indicadores da qualidade e valoração dos benefícios ambientais no tratamento da água de bacias hidrográficas da serra do mar em Nova Friburgo, RJ

Abstract

O estudo teve como objetivo caracterizar indicadores de qualidade ambiental da água de bacias hidrográficas de regiões serranas com níveis de impactos diferenciados, definindo e quantificando benefícios decorrentes dos serviços ambientais dos ecossistemas florestais. Foi realizado no município de Nova Friburgo região serrana do Estado do Rio de Janeiro, em duas bacias hidrográficas contribuintes do rio Paraíba do Sul, com usos distintos do solo e. A sub-bacia do Rio Grande, com 22.000 ha, 25,50 km de comprimento e 80 km de perímetro, padrão de drenagem dendrítico com rios de até 5ª ordem, apresenta índices de compacidade de 1,52 e circularidade de 0,43, sofrendo o impacto da agricultura de alta produtividade. A microbacia do Rio Debossan com 1.000 ha, perímetro de 15,05 km e comprimento de 7,45 km, padrão de drenagem do tipo dendrítico com rios de até 3ª ordem, índices de circularidade e compacidade de 0,55 e 1,34, respectivamente, possui 100% da sua cobertura com floresta em estágio avançado de regeneração. Ambas unidades hidrológicas possuem Estações de Tratamento de Água para o abastecimento à população do município, porém com diferenças substanciais. A E.T.A. do Rio Grande necessita de 1.300 m2 de área construída, 12 funcionários e demanda produtos químicos (floculan, cal e cloro) para o tratamento da água, atingindo uma produtividade média de 263,15 l/s. A E.T.A. Debossan necessita de 100 m2 de área construída, 3 funcionários e apenas a utilização do cloro no tratamento da água para atingir uma produtividade de 192,94 l/s. Os dados de qualidade de água do Rio Grande foram fornecidos em períodos de duas em duas horas com duração de quatro anos (2000, 2001, 2002 e 2003), enquanto o consumo de produtos químicos pelas E.T.A.’s era diário. O indicador mais bem ajustado foi o cloro, explicando 97,76% da variação dos parâmetros de qualidade da água, em seguida foi o floculan e a cal, explicando 97,01% e 90,08%, respectivamente. Os resultados das análises de regressão indicaram que os produtos químicos são efetivos como indicadores da qualidade ambiental do manancial, se enquadrando pela proposta da OECD como indicadores de Estado pela sua simples utilização e como indicadores de Pressão quando analisados através de séries históricas. O floculan está relacionado à produção de sedimentos pela bacia, a cal ao impacto da agricultura através do uso de insumos agrícolas e o cloro a urbanização. O ecossistema bacia hidrográfica do Rio Grande está atingindo um novo equilíbrio homeostático devido à ausência das funções ambientais, sendo o impacto antrópico mais percebido na estiagem. Tal impacto ocorre em virtude do desenvolvimento agrícola e urbano desordenado, estando em processo de degradação pelos mesmos motivos. A tendência de degradação ou aumento no custo da produção foi em média de 8,88% ao ano e nos quatro anos de 26,46%. Em termos de benefício prestado pelo ecossistema florestal, a E.T.A. Debossan necessita de uma área 10 vezes menor para atingir a mesma produtividade que a E.T.A. Rio Grande. Caso a sub-bacia do Rio Grande ainda contasse com suas funções ambientais referentes à hidrologia e o impacto antrópico fosse mitigado, a economia nos quatro anos de estudo poderia chegar a U$ 141.394,75.